segunda-feira, 22 de junho de 2015

Podia Ser Pior

Tenho exame final daqui a pouco.

Fecho os olhos.

Vou dormir.

Abro os olhos novamente.

Volto a fechá-los.

Respiro fundo.

Penso numa parede branca.

Concentro-me no meio da parede.

O resto da parede começa a escurecer.

É da minha mente.

Não pára.

Continua a divagar.

Faz-me pensar em tudo.

Faz-me pensar em nada.

Perco a concentração.

A parede já não é branca.

Já não é uma parede sequer.

Foi derrubada, e atrás dela está toda esta cacofonia incessante.

Mas eu já deveria estar a dormir.

Abro os olhos.

Fecho os olhos.

Tapo-me completamente com os lençóis.

Os lençóis são brancos.

Aqui consigo ouvir o bater do meu coração.

O ar a entrar nos pulmões.

Óptimo, vou dormir.

Mas os lençóis deixaram de ser brancos.

Estão contaminados.

A minha mente não pára.

Concluo: será que há algo de errado?

Em mim?

Em todos?

Existe algo sequer?

Ou não existe nada?

A janela está aberta agora.

Ouço os pássaros a começar o seu dia.

Da mesma forma que o meu começa daqui a pouco também.

Gosto.

É relaxante ouvir os pássaros.

E o meu coração.

E o ar nos meus pulmões.

Fecho os olhos.

E fico assim.

A ouvir tudo: os pássaros, o coração, os pulmões, e a cacofonia incessante que vai na minha mente.

Daqui a pouco começa o meu dia.

Vou para o exame final.

Não terei problemas em concentrar-me na parede branca lá.

Irei imaginar o toque dos lençóis brancos sem problemas.

E irei fechar os olhos.

Tenho a certeza que a cacofonia lá estará.

Não vou estar sozinho.

Óptimo.

Seria pior se estivesse.

Nem tudo é mau.