quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Suporte, Meu e Teu

"There's no such thing as normal [...]

Life is this big, fat, gigantic, stinking mess. But that's the beauty of it too. Whatever you do, I support you.

Either way, you win. And also, either way, there's something that you lose.

What can I say, baby? True love is a bitch." - If I Stay (2014)

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Não sei ao certo o que se passa comigo.

Não estou triste. Não estou feliz.

Estou cansado. Tenho vontade de fazer mais.

Não sou de filmes lamechas nem tristes. Hoje tive que rever um dos melhores filmes alguma vez feitos, o único que alguma vez me tirou uma lágrima.

Há meses que não vinha aqui. É a segunda vez esta semana.

Nestes momentos em que paro um bocado só consigo pensar numa coisa: "Gostava de poder voltar ao normal".

Mas depois penso um pouco mais, e não sei o que é normal para mim. E agora acrescento a isso: "Existe sequer um normal para mim?"

Estou numa fase em que gosto do que faço, sinto-me bem comigo mesmo, mas ao mesmo tempo não consigo aproveitar a vida à minha volta e ser feliz.

E começo a imaginar-me em cenários improváveis. Diria até completamente irrealista.

Imagino o quanto sinto a falta de algo que reneguei completamente em mim.

Imagino como seria ter um suporte ao fim do dia, um daqueles a sério, do tipo que nunca senti realmente, agora que penso nisso.

Um suporte que esteja lá sempre que necessário, incondicionalmente. Um a quem possa retribuir com tudo o que tenho também.

Um que me faça ganhar ou perder, e que no final nada mais importe. Apenas a presença e a existência.

A minha. A tua, quem quer que sejas. Se é que existes.

No fim de imaginar tudo, concluo: "Será que quero sequer mandar-me aos lobos?"

A última vez saí estraçalhado. E ainda tenho pedaços meus por apanhar.

E concluo ainda que o normal a que quero voltar nunca existiu realmente. Porque o meu atual é parte do normal que quero para mim.

E o que falta para o resto do normal está a ser encarcerado por mim, que continua a puxar as rédeas a mim mesmo.

E tenho medo de me deixar ir. De voltar ao Mundo.

De me atirar aos lobos.

Tenho medo.

Não tenho um suporte.

Incondicional. Esporádico. Visível. Não. Não existe nenhum desses.

Devo fazê-lo?

Eu quero. Mas não quero.

Eu sinto que preciso. Mas sinto-me bem assim. Mas sinto-me mal assim.

Sinto sequer? Ou imagino apenas?

Não sei nada.

Sei que não perco e não ganho nada. Sei que a vida é uma treta às vezes, e incrível nas outras, e que pelo meio ando à deriva.

Os remos estão pousados.

Posso pegar num.

Pegas no outro?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Fantasma do Novo Mundo

Ghosting.

Uma daquelas novas palavras que se usam agora, e que aprendi hoje.

Significa cortar os meios de comunicação com alguém sem aviso prévio, e com máximo desprezo pelas tentativas de restabelecimento de contacto.

Não sou propriamente velho, mas também não é uma palavra que queira incluir no meu vocabulário, mas acho que consigo adaptá-la a minha vida atual, dando-lhe um significado à minha maneira.

Interpreto esta expressão como o sentimento de ficar desconectado de algo, não necessariamente de alguém, intencionalmente, e sem tentativa de estabelecimento de contacto, temporária ou permanentemente.

Porquê a importância deste assunto? Porque é um bocado o que sinto neste momento.

Sinto que o mundo me está a fazer ghosting. As pessoas que me rodeiam me deixam e fazem ghosting até lhes apetecer. Ou se calhar até sou eu que estou a fazer ghosting com tudo à minha volta.

Estou a tentar reconectar-me comigo mesmo há já algum tempo, mas sinto um bloqueio dentro de mim que não consigo desfazer nem explicar. E esse bloqueio tem um vazio, antes e depois dele, e eu não sei de onde ele surgiu.

E não sei sequer porque o bloqueio me incomoda, se nada além de vazio tem para bloquear.

E agora que tenho uma definição para este conceito estranho e intemporal, sinto que isso é parte do problema.

Sinto-me sozinho. Abandonado. Por tempo indeterminado. Desconectado de tudo e todos. Com várias tentativas da minha parte de restabelecer contacto, mas sem obter uma única resposta.

E sinceramente, já não sei para onde lançar mais pedidos.

E eu tentei. Recentemente. Com pouca força, possivelmente, mas tentei.

Acho que não fui claro o suficiente, ou não me quiseram perceber.

Poderei tentar novamente amanhã, num novo dia...

... mas quem irá garantir que não serei outro fantasma desse mundo novo?