sábado, 21 de janeiro de 2017

O Conto dos Dons

"And suddenly we were strangers again" - Anónimo

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Tentei-me convencer à força de que não me sinto ligado a ti.

Forcei-me a tirar as âncoras que me prendem ao porto onde estou atracado, e a tentar navegar livremente, mas não funcionou.

Se dependesse de mim, não sei se ainda estaria neste planeta ou se já tinha pegado no barco que me prende e me tinha lançado pelo universo, para bem longe daqui.

Mas não depende.

Neste momento, nada depende de mim.

Apenas a culpa.

A culpa de ter sido cobarde, e de não ter tentado falar mais cedo...

No entanto, por muito que queira falar, eu não quero falar na mesma.

Não quero ser ouvido.

Não quero desculpas nem justificações.

Apenas quero um ponto final. Qualquer um. De qualquer forma.

Se haverá uma frase a seguir a ele ou não, isso já é outro assunto.

Não digo que não gostaria... mas já não depende de mim.

De repente, somos estranhos um para o outro de novo, mesmo tendo eu sentido que éramos almas gémeas...

E agora estamos assim, eu atrás de ti, como tu estiveste atrás de mim durante um tempo.

E uma relação não é possível de construir assim, são precisos dois, um de encontro ao outro.

Isso define se será "um dia" ou o "dia um".

E não me cabe a mim a decisão para já.

A mim cabe a responsabilidade agora de lidar com os dons que a vida me dá.

Isso inclui os menos bons.

E desses tenho demasiados.

Será que me ouvirás e os entenderás?

Ou a frase seguinte ficará apenas na minha imaginação?

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Queimado

Não sou a mesma pessoa que era antes.

Tornei-me mais frio, de certa forma.

Não sei se isso é algo natural do passar do tempo, ou se simplesmente as coisas da vida me parecem mais naturais, mas a verdade é que não olho para as coisas da mesma forma.

Não as sinto da mesma forma.

Aliás, quando sei que é algo que me vai magoar, afasto-o de mim.

Torno-me frio para com isso.

Assim não me pode atingir mais do que o que eu quero.

Porque eu decido o que quero perto de mim.

Mas serão essas decisões as melhores?

Pergunto-me se...

...

Pergunto-me se às vezes não devia deixar que o destino tomasse decisões por mim.

Confio muito no meu instinto, confio muito que nada acontece por acaso, e no entanto, não deixo que essa minha confiança se traduza em ações.

Nunca deixo...

Quererei assim tanto, lá no fundo, que a minha chama arda como o fogo?

Ou que queime como o gelo?