terça-feira, 13 de junho de 2017

Identidades

Identidade.

Algo que todos tomamos por garantido, e que nunca, em momento algum, se pensa que vai deixar de pertencer ao nosso ser.

Mas a realidade é que os caminhos não são fáceis, e por vezes desviamo-nos.

E esses pequenos desvios fazem com que o nosso pé saia da estrada. E sair da estrada, que nós definimos ser a que nós queremos seguir, não é isso perder um pouco de identidade?

Naquele pedaço de relva que acompanha a estrada pode estar algo importante para alguém. E se nós acabámos de o pisar, então acabámos de destruir algo a alguém.

Quantas e quantas vezes não calcámos algo importante para alguém? Ou para nós próprios, quiçá?

Claro que depois disso recebemos queixas, e são-nos apontados dedos.

Mas como é que reagimos? Com outro pé fora do caminho, agora do outro lado.

É muito fácil sermos compreendidos pelos outros nesses momentos mais impulsivos ou em que a reação descontrolada é que lidera a nossa identidade, mas e compreendermos os motivos dos outros?

Há outros caminhos à nossa volta, provavelmente invisíveis para os nossos olhos, e nós nem nos preocupamos em reconhecer que eles existem, quanto mais tentar compreendê-los.

E quando nos são apontados erros e nós reconhecemos que não queremos ser da forma que estamos a ser, o mais fácil é sempre atirar a toalha ao chão, desistir.

Mas se voltamos a atirar a toalha ao chão, não vamos acertar na nossa própria estrada? Em algo importante para nós?

E desistir está mesmo na minha identidade?

Mais ainda: será que seguir a estrada faz parte da nossa identidade?

Eu já sei quem eu sou, e no entanto continuo. Porquê? Alguma vez quis saber qual o propósito?

A paz, o descanso, estão comigo já. Eu sei que estou confortável comigo mesmo, para quê continuar a dar passos?

Pois, eu respondo rapidamente a isso: se eu ficar por aqui, quantos mais erros vão continuar a haver?

Quem vai espalhar no mundo o que tem que ser espalhado?

Se eu não continuar a andar, não vou arriscar realmente a que a minha chama arda por coisas que valham a pena. E os maiores erros são aqueles que não se vêem, decisões que temos demasiado medo para tomar.

Por isso sempre que o combustível faltar para que o próximo pé pouse o chão, pega nessa toalha, olha em frente e segue a estrada.

Ficar a olhar para o erro e a pensar nele é o caminho mais rápido para que o próximo passo comece a colapsar.

Não queres isso. Deixa que o mundo te veja, em toda a tua glória.

Arrisca.

Toma uma decisão.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Ser Humano

Como a Vida muda em tão pouco tempo.

Num dia estás em pedaços, em sofrimento puro, sem saberes o que fazer a não ser ficar sentado na solidão silenciosa e escura que é o teu quarto, e no instante a seguir tudo parece estar a correr bem, como se cada fosse uma maré de sorte.

Nalguns dias não te consegues esquecer das tuas feridas, pois elas estão a sangrar e a arder intensamente, e nos outros dias o sol brilha com tanta intensidade e há tanto positivismo à tua volta que nem te apercebes das cicatrizes.

Para todos estes momentos, há sempre um trigger, algo que despoleta o momento, e as pessoas à nossa volta, como é normal no ser humano, estão mais concentradas no seu próprio umbigo do que no mundo à volta delas.

E ninguém vê o que está a acontecer com a pessoa mesmo aqui ao lado. Ninguém faz ideia, e toda a gente apenas supõe que essa pessoa deve estar igual à última vez que olharam em frente, só para não irem contra a parede.

Não costumo ser direto e explícito, mas este é diferente. Este texto é sobre o que se passa.

Ninguém sabe o que acontece na minha vida. Eu não sei o que acontece na vida dos outros.

O que é certo é que, como humanos que somos, não nos interessa. Não queremos saber. O primeiro instinto é sempre agir e falar como se só as minhas coisas importassem. Como se "eu" fosse a única pessoa em sofrimento no mundo.

Ou como se "eu" fosse o único que está em maré de sorte.

Nunca ninguém pára um pouco para pensar nos outros realmente. Para prever as consequências daquilo que se ia dizer ou fazer se se agir por instinto.

O meu papel neste mundo que é esta janela para a minha alma é muito simples: revelar o meu coração ao mundo.

Quantas e quantas vezes já não recebi como resposta risos e gozos desse mundo, só por revelar o que me vai na alma...

Mas o meu papel mantém-se, não vai ser outro qualquer a fazê-lo, e não vai de certeza ser outro qualquer a fazer-me parar.

Alguém por aí vai estar a olhar em volta, e não para o seu próprio umbigo. Alguém precisará de ajuda. E se eu posso ajudar, se eu já passei por uma situação semelhante, é meu dever e obrigação dizer ao mundo como me senti, e como ultrapassei os obstáculos.

Porque eu não sei se isso não será o trigger que vai ajudar alguém.

Mas sei que é a minha forma de ser positivo no meio deste mundo tão negativo e egocêntrico.

Não tenho nada mais a dizer, mas espero que estas minhas palavras consigam pôr alguém deste mundo a levantar os olhos, e a pensar: "O que será que posso fazer pelos outros?".

A pensar apenas, uma vez que seja, no que acontece na vida dos outros.

É só.

Boa noite.