sábado, 16 de dezembro de 2017

Quero Viver...

Se fosse um ano como os outros, hoje seria um dia normal.

No entanto, com tanta coisa a acontecer à minha volta, tantas mudanças, tantas conquistas e tantos finais, sinto-me tão perdido.

Paro um bocado e a minha mente anda à roda, sem parar, e eu fico confuso.

E essa confusão leva-me onde?

A ti.

Novamente.

Depois de achar que já não existias.

Tens um canto algures aqui dentro que não consigo destruir nem ignorar.

Consegues levar-me à loucura passado tanto tempo, e consegues apoderar-te dos meus pensamentos nos momentos mais inesperados, sem que eu tenha qualquer controlo.

Não concordo com esse teu poder, não devias conseguir ainda atingir-me.

Eu não devia estar com lágrimas presas nos olhos a pensar em tudo o que já foi, e em tudo o que podia ter ganho se tivesse conseguido largar-te, mas a verdade é que estou.

Ao fim de um ano e meio devia ser capaz de algo mais, mas não sou, e continuo a usar-te como desculpa e justificação a mim próprio para me impedir de viver.

Mas eu gosto de viver.

Importas-te de me deixar?

Custa assim tanto deixares?

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Palavras Proferidas, Sentimentos Armazenados, Lágrimas a Jorrar

Está a ser mesmo difícil terminar o dia de hoje...

Quase sinto que estou fora do meu corpo desde que acordei, a ver o desenrolar de um filme de tragédia ou drama, sem conseguir fazer nada para intervir.

Devia ter-me preparado para algo deste género, sabia que iria chegar algo deste género eventualmente, sentia tudo isto na minha pele e no meu íntimo, e deixei apenas que tudo se desenrolasse simplesmente.

Grande erro da minha parte, obviamente.

Agora tenho que lidar com todos os momentos de revelação com que fui bombardeado, e com os quais me tive que confrontar a mim mesmo. Com tudo aquilo que não quero admitir, com toda a dor e tristeza que ainda tenho em mim, mas que luto para manter enterrado no canto mais escuro e longínquo da minha Alma, sem perceber bem porque o faço.

Mas lá está, hoje tudo rebentou, o karma ou o destino ou o que quer que tenha sido certificou-se disso.

Sei que não tenho estado no meu melhor nível no que diz respeito às minhas responsabilidades, e às coisas que deveriam ser uma prioridade para mim, mas que não o têm sido por outras atividades paralelas ou por simples procrastinação.

Como seria de esperar, deixei arrastar demasiado esses assuntos, e as consequências estão à vista (bem à vista), e todo o futuro mais próximo se tornou exponencialmente mais complicado.

(Não vou desistir, no entanto, mas decididamente preciso de armazenar mais energia para o trabalho que aí vem e do qual não poderei fugir de todo...)

Em todo o processo de assimilação desta falha em mim, acho que cheguei à maior revelação do últimos tempos, o motivo escondido que não me tem permitido ser eu mesmo, e que me tem afastado de tudo e de todos...

Sim, já passou praticamente um ano desde o fatídico final de tudo. Sim, já tive oportunidades de avançar. Sim, recusei-as todas.

Mas admitir a mim mesmo o porquê de o ter feito? Nops...

Aliás, ao mínimo indício de que esse pensamento me estava a surgir, ou de que qualquer coisa que me estava a fazer voltar a esse tempo (que me parece tão perto, e contudo tão longe), era logo empurrado para baixo do tapete, e preso com tudo o que estivesse à mão.

A verdade é que me afetas. Ainda.

Não consigo largar o passado, não consigo estar com outras pessoas da mesma forma, não consigo ser eu mesmo com elas, ou ser feliz, ou sorrir sequer...

E devia conseguir, depois de tudo o que aconteceu, da forma como fui tratado, da forma como eu agi, dos resultados das nossas conversas posteriores, e da finalidade que foi atingida, e que no entanto tu não levaste avante, e mesmo tendo sido tua a palavra final, não agiste em conformidade, mas sim na direção oposta.

Tudo o que eu tinha de bom em mim foi levado para algum sítio que não consigo alcançar, e não estou a conseguir trazer de volta nem criar novamente. Afastei-me de tudo, vivo de forma diferente desde aí, e já lá vai algum tempo.

E, no entanto, não lido com nada disso. Apercebi-me hoje que tudo continua aqui guardado, e as lágrimas querem rolar pelas minhas bochechas, sem ligar a todo este tempo que já as devia ter tornado em sal, todo este tempo que já deveria ter feito evaporar a água e os sentimentos, todos eles.

Mudaste-me.

Primeiro para melhor. Depois para este caco. Agora para estes pedaços quebrados que apodrecem a cada dia que passa...

Como é que pude deixar que alguém me afetasse tanto? Não deveria ter aprendido já com a vida?

Acho que ainda mantenho esperança neste mundo, é a única conclusão que consigo tirar de tudo isto. Ainda acredito que há bondade em toda a gente. Que o mundo ainda merece a minha confiança...

Espero sinceramente que, agora que notei em toda esta escuridão que tenho em mim, consiga libertar esta energia e armazenar positivismo, pois já me vai chegar o que aí vem.

Lutar contra mim mesmo não vai ajudar.

E não tenciono ter que o fazer.

Mas como irei conseguir tirar estas correntes que me prendem?...

Vou meditar sobre isso e tentar sonhar com a solução, estar aqui a prender as lágrimas não me serve de nada.

Até amanhã.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Identidades

Identidade.

Algo que todos tomamos por garantido, e que nunca, em momento algum, se pensa que vai deixar de pertencer ao nosso ser.

Mas a realidade é que os caminhos não são fáceis, e por vezes desviamo-nos.

E esses pequenos desvios fazem com que o nosso pé saia da estrada. E sair da estrada, que nós definimos ser a que nós queremos seguir, não é isso perder um pouco de identidade?

Naquele pedaço de relva que acompanha a estrada pode estar algo importante para alguém. E se nós acabámos de o pisar, então acabámos de destruir algo a alguém.

Quantas e quantas vezes não calcámos algo importante para alguém? Ou para nós próprios, quiçá?

Claro que depois disso recebemos queixas, e são-nos apontados dedos.

Mas como é que reagimos? Com outro pé fora do caminho, agora do outro lado.

É muito fácil sermos compreendidos pelos outros nesses momentos mais impulsivos ou em que a reação descontrolada é que lidera a nossa identidade, mas e compreendermos os motivos dos outros?

Há outros caminhos à nossa volta, provavelmente invisíveis para os nossos olhos, e nós nem nos preocupamos em reconhecer que eles existem, quanto mais tentar compreendê-los.

E quando nos são apontados erros e nós reconhecemos que não queremos ser da forma que estamos a ser, o mais fácil é sempre atirar a toalha ao chão, desistir.

Mas se voltamos a atirar a toalha ao chão, não vamos acertar na nossa própria estrada? Em algo importante para nós?

E desistir está mesmo na minha identidade?

Mais ainda: será que seguir a estrada faz parte da nossa identidade?

Eu já sei quem eu sou, e no entanto continuo. Porquê? Alguma vez quis saber qual o propósito?

A paz, o descanso, estão comigo já. Eu sei que estou confortável comigo mesmo, para quê continuar a dar passos?

Pois, eu respondo rapidamente a isso: se eu ficar por aqui, quantos mais erros vão continuar a haver?

Quem vai espalhar no mundo o que tem que ser espalhado?

Se eu não continuar a andar, não vou arriscar realmente a que a minha chama arda por coisas que valham a pena. E os maiores erros são aqueles que não se vêem, decisões que temos demasiado medo para tomar.

Por isso sempre que o combustível faltar para que o próximo pé pouse o chão, pega nessa toalha, olha em frente e segue a estrada.

Ficar a olhar para o erro e a pensar nele é o caminho mais rápido para que o próximo passo comece a colapsar.

Não queres isso. Deixa que o mundo te veja, em toda a tua glória.

Arrisca.

Toma uma decisão.

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Ser Humano

Como a Vida muda em tão pouco tempo.

Num dia estás em pedaços, em sofrimento puro, sem saberes o que fazer a não ser ficar sentado na solidão silenciosa e escura que é o teu quarto, e no instante a seguir tudo parece estar a correr bem, como se cada fosse uma maré de sorte.

Nalguns dias não te consegues esquecer das tuas feridas, pois elas estão a sangrar e a arder intensamente, e nos outros dias o sol brilha com tanta intensidade e há tanto positivismo à tua volta que nem te apercebes das cicatrizes.

Para todos estes momentos, há sempre um trigger, algo que despoleta o momento, e as pessoas à nossa volta, como é normal no ser humano, estão mais concentradas no seu próprio umbigo do que no mundo à volta delas.

E ninguém vê o que está a acontecer com a pessoa mesmo aqui ao lado. Ninguém faz ideia, e toda a gente apenas supõe que essa pessoa deve estar igual à última vez que olharam em frente, só para não irem contra a parede.

Não costumo ser direto e explícito, mas este é diferente. Este texto é sobre o que se passa.

Ninguém sabe o que acontece na minha vida. Eu não sei o que acontece na vida dos outros.

O que é certo é que, como humanos que somos, não nos interessa. Não queremos saber. O primeiro instinto é sempre agir e falar como se só as minhas coisas importassem. Como se "eu" fosse a única pessoa em sofrimento no mundo.

Ou como se "eu" fosse o único que está em maré de sorte.

Nunca ninguém pára um pouco para pensar nos outros realmente. Para prever as consequências daquilo que se ia dizer ou fazer se se agir por instinto.

O meu papel neste mundo que é esta janela para a minha alma é muito simples: revelar o meu coração ao mundo.

Quantas e quantas vezes já não recebi como resposta risos e gozos desse mundo, só por revelar o que me vai na alma...

Mas o meu papel mantém-se, não vai ser outro qualquer a fazê-lo, e não vai de certeza ser outro qualquer a fazer-me parar.

Alguém por aí vai estar a olhar em volta, e não para o seu próprio umbigo. Alguém precisará de ajuda. E se eu posso ajudar, se eu já passei por uma situação semelhante, é meu dever e obrigação dizer ao mundo como me senti, e como ultrapassei os obstáculos.

Porque eu não sei se isso não será o trigger que vai ajudar alguém.

Mas sei que é a minha forma de ser positivo no meio deste mundo tão negativo e egocêntrico.

Não tenho nada mais a dizer, mas espero que estas minhas palavras consigam pôr alguém deste mundo a levantar os olhos, e a pensar: "O que será que posso fazer pelos outros?".

A pensar apenas, uma vez que seja, no que acontece na vida dos outros.

É só.

Boa noite.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Sombras das Palavras

Não tenho conseguido adormecer.

Não sei porquê, mas tenho ficado no escuro, de olhos fechados, à espera, enquanto as lágrimas ameaçam cair.

Às vezes até as 7h da manhã. Nunca antes das 5h.

Hoje penso que descobri a razão disso acontecer.

Aparentemente estou a ser assombrado.

Não por fantasmas, esses não me afetam, mas sim pelas coisas que ficaram por dizer.

Nada nos assombra mais do que aquilo que não foi dito.

E mesmo que muitas vezes a solução para um dia em que nada corra bem seja ir dormir, as sombras das palavras perseguem-me.

E eu posso escrevê-las, dizê-las, pensá-las mil e trinta e uma vezes. Mas isso não altera nada, pois tu não as recebeste.

E acabo a minha noite, já de dia, a perguntar-me "quão diferente a minha vida poderia ser se aquela única situação não tivesse acontecido?".

Quereria eu que isso tivesse sido assim?

Não sei...

Acho que estou a viver da forma errada e a ver tudo da perspetiva que não deveria.

Se calhar a vida não devia rodar à volta de evitar hematomas e feridas. Se calhar tudo correu da forma que deveria ter ocorrido, e o objetivo da vida seja apenas colecionar o máximo de cicatrizes possíveis, apenas para demonstrar que aparecemos para as merecer.

E, no entanto, o que eu continuo a querer nem são as cicatrizes, nem as feridas, nem as nódoas negras, nem ficar acordado. Nada disso.

O que eu quero, ainda, e irei continuar a querer, é que a minha coragem seja suficiente para te fazer chegar o que tenho a dizer. E vou fazer isso esta semana, porque não quero mais depender de algo que não quer saber de mim.

Chega de sofrer.

Por isso pergunto: não posso apenas mandar tudo para um certo sítio, e ir dormir descansado?

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Labirinto Perfeito

"If only we could be strangers again..." - Beleza Colateral (filme)

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Alguém uma vez disse que nada está verdadeiramente morto, se olharmos para as coisas da forma correta.

Mas será que isso é algo que as pessoas queiram?

Ter algo que nunca morre verdadeiramente pode não ser bom. Pelo menos eu acho que não é.

Sinto todos os dias a dor, algo que nunca mais morre, e que continua aqui dentro, a massacrar-me, a esvaziar-me mais um pouco.

Será que devia estar a olhar de outra forma, de uma maneira menos correta?

Se isso fizesse tudo morrer...

Mas depois, mesmo que tudo isto morresse, será que iria desaparecer da minha vida?

Aposto que não, iria ficar como monumento eterno, algo que faria relembrar para sempre dos negros tempos de agora.

Robert M. Drake escreveu uma vez que "no fim, ela tornou-se mais do que ela esperava. Ela tornou-se na viagem, e como todas as viagens, ela não acabou. Ela apenas mudou de direção e continou."

Concordo plenamente, Robert, mas acho que te esqueceste do resto... Eu acho que o nome com que ficou conhecida deveria ser "Labirinto Perfeito".

Uma confusão tal, que muda de direção constantemente, e que, quando pensas que estás quase na saída, faz surgir uma nova parede a toda a volta, prendendo-te mais um pouco.

E assim, foi-te garantida uma viagem eterna, sem fim, que não te deixa sair.

Com o tempo, as paredes passam a ser naturais para ti, e chega um dia em que já nem te apercebes que elas lá estão.

Até que um dia visitas um dos caminhos do labirinto onde tropeças num dos monumentos que o passado deixou, e bates com a cabeça na parede.

E aí reparas onde estás. E as paredes tornaram-se estranhas para ti. E tu estás a conhecê-las pela primeira vez, outra vez.

E perguntas-te há quanto tempo elas estão ali. E ficas contente porque o teu mundo se tornou ligeiramente diferente.

Mas a realidade é outra, pois a dor que as criou não deixa de existir, simplesmente passou a ser vista de outra perspetiva. E agora parece-te algo novo.

E tu esqueces-te que este é um mundo perito em ilusões.

E que vais cair noutra logo de seguida, ficar contente com isso, e no fim lamentar-te por teres sido estúpido novamente, e continuar o Labirinto Perfeito.

À procura da saída.

Pedaços de Guerra

Como é que isto ainda é possível?

Como é possível teres-me quebrado tão profundamente, ao ponto de agora, ao fim de seis meses, ainda me sentir assim?

Eu não quebro facilmente.

Posso sofrer golpes e ter cicatrizes, mas partir completamente? Não achei que pudesse acontecer assim, e fazer-me sentir tão indefeso.

Achei que poderia cair, mas eventualmente levantar-me com um fogo ainda maior, mas não foi o que aconteceu.

Continuo caído, em pedacinhos impossíveis de colar, sem nada que reste para alimentar uma chama sequer.

E tudo o que eu quero é ouvir-te uma última vez. Ou ver-te a sós. Ou apenas entregar-te as minhas palavras, que estão aqui à minha frente, em papel.

Mas não tenho coragem de ir até aí, e deixar-tas à porta, pois não sei como reagirás a elas. Não sei sequer se olharás para elas.

Sou apenas um concha vazia, um corpo a deambular por aí. Todos os meus pedaços estão no chão, e em vez de me deixarem em paz, seguem-me para todo o lado.

Lembram-me a cada momento do quanto os fizeste brilhar como ouro.

Lembram-se constantemente do quão danificado me deixaram.

Sinto-me como se estivesse perdido no meio de uma guerra, mas sem a vantagem de que numa guerra a sério, provavelmente já não sentiria nada, mesmo que estivesse tão quebrado como me sinto agora.

Será assim tanto pedir que isto termine de vez?

Custa assim tanto pedir que o sofrimento acabe?

É mesmo assim tão difícil largar tudo o que tenho a prender-me?

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Sem Sangue, Preso, Acorrentado

Alguém uma vez disse que se os sentimentos forem mútuos, então o esforço será igual.

Não sei se concordo inteiramente, pois a essa frase acrescento "Se não forem, a dor será bem diferente."

E acredita em mim, Mundo, quando digo que é mesmo.

Poderia ter sido o primeiro dia de muitos. O primeiro "especial", mas que na realidade é igual aos outros, e a que toda gente dá uma importância diferente.

Mas se formos a ver bem, as importâncias são sempre diferentes para tudo, cada pessoa vive os mesmos episódios de ângulos e perspetivas diferentes.

Cada pessoa traz um passado consigo inteiramente complexo que a faz percecionar a mesma situação de formas completamente distintas.

Mas esse passado tem um nome que diz tudo. Chama-se literalmente "passado". É algo que existiu, tendo sido bom ou não, e que não pode ser negado, mas não pode ser "presente" ou "futuro".

Esses são outros cenários, com nomes só para eles próprios.

E, no entanto, o meu passado não me larga, tem-me acorrentado, encarcerado com algemas, correntes e pesos, e ainda com espadas a prender-me à parede.

Por mais que me tente libertar, um deles acaba por me magoar mais e mais.

Faz-me sangrar até nenhuma outra gota de sangue restar.

O pior é que eu sei o que me mantém aqui, o que não me deixa avançar, e ainda me arrasta mais para o fundo.

Chama-se "perdão", e a ação responsável é "não o dar".

Eu queria conseguir, mas tudo o que arrasto comigo faz-me olhar para o que aconteceu entre nós há tanto tempo e não entender nada.

Faz-me ficar cada vez mais confuso, irritado, magoado, em sofrimento.

E mesmo tendo sido culpa de ambos, quando olho para trás, só vejo o quanto me feriste e quantas marcas me deixaste no sítio onde ninguém ia há eternidades.

Estou a tentar perdoar tudo, Mundo. Perdoá-la a ela, perdoar-me a mim, perdoar-te a ti.

Porque não quero mais estas correntes a envenenar-me a Alma e o Coração e a Mente.

Não quero mais acordar, viver e deitar-me com amargura, medo, desgosto e raiva.

Quero perdoar tudo, porque o ódio e a dor são formas alternativas de me prender aqui.

E eu já não pertenço mais aqui.

Por esse motivo, Mundo, fala com o Destino, e deixa-me perdoar-nos a todos, sim?

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Comboios em Viagem

Começo a não gostar dos meus dias.

Tenho muitas distrações, muito para fazer, mas muito tempo para a mente divagar.

E ela não me pede permissão para o fazer.

Não há um dia que não passe que não me faça visitar coisas dolorosas.

É como se todos os dias, sem que eu quisesse, a minha mente se apoderasse de mim,  me levasse para a beira de um precipício no meio do nada, e me obrigasse a ficar lá sentado, à espera que a terra me engula.

Tudo isto porque agora estou a provar do meu próprio veneno, e sinto na pele o que é não obter resposta.

Não fiz por mal, sabes disso... Mas também não me estás a tentar perceber... E em vez disso, estás-me a fazer sofrer novamente.

Provavelmente sem que o saibas, apesar de que eu não acredito nisso...

Alguém uma vez disse que quando se adota alguém ou algo, não se adota apenas essa pessoa ou objeto. Adota-se tudo nela: o mau, o bem. O passado que vem com ela.

Eu tentei sempre suavizar o meu passado para ti, e tu sabes como ele foi intenso e doloroso para mim. E, no entanto, não o adotaste. Eu não senti isso.

E isso custa-me.

Ainda.

Não sei por quanto mais tempo, nem porquê, mas ainda me afeta.

Faz-me sentir como se estivesse a caminhar em cima do meu lado da linha de um comboio, e te visse a andar na outra.

Sempre ali ao lado.

Mas sempre demasiado longe.

Sem nunca cruzarmos caminhos.

Para sempre fora do alcance.

E não sei se o meu próximo passo será o melhor. Sinto que vai piorar a minha situação.

Mas acho que vou ter que o tomar.

E vou ter que deixar as minhas palavras na tua mão um destes dias.

Vou ter que pegar na minha linha de ferro e obrigá-la a mudar de direção.

Se isso provocará um acidente ou não, deixo nas mãos do destino...

sábado, 21 de janeiro de 2017

O Conto dos Dons

"And suddenly we were strangers again" - Anónimo

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Tentei-me convencer à força de que não me sinto ligado a ti.

Forcei-me a tirar as âncoras que me prendem ao porto onde estou atracado, e a tentar navegar livremente, mas não funcionou.

Se dependesse de mim, não sei se ainda estaria neste planeta ou se já tinha pegado no barco que me prende e me tinha lançado pelo universo, para bem longe daqui.

Mas não depende.

Neste momento, nada depende de mim.

Apenas a culpa.

A culpa de ter sido cobarde, e de não ter tentado falar mais cedo...

No entanto, por muito que queira falar, eu não quero falar na mesma.

Não quero ser ouvido.

Não quero desculpas nem justificações.

Apenas quero um ponto final. Qualquer um. De qualquer forma.

Se haverá uma frase a seguir a ele ou não, isso já é outro assunto.

Não digo que não gostaria... mas já não depende de mim.

De repente, somos estranhos um para o outro de novo, mesmo tendo eu sentido que éramos almas gémeas...

E agora estamos assim, eu atrás de ti, como tu estiveste atrás de mim durante um tempo.

E uma relação não é possível de construir assim, são precisos dois, um de encontro ao outro.

Isso define se será "um dia" ou o "dia um".

E não me cabe a mim a decisão para já.

A mim cabe a responsabilidade agora de lidar com os dons que a vida me dá.

Isso inclui os menos bons.

E desses tenho demasiados.

Será que me ouvirás e os entenderás?

Ou a frase seguinte ficará apenas na minha imaginação?

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Queimado

Não sou a mesma pessoa que era antes.

Tornei-me mais frio, de certa forma.

Não sei se isso é algo natural do passar do tempo, ou se simplesmente as coisas da vida me parecem mais naturais, mas a verdade é que não olho para as coisas da mesma forma.

Não as sinto da mesma forma.

Aliás, quando sei que é algo que me vai magoar, afasto-o de mim.

Torno-me frio para com isso.

Assim não me pode atingir mais do que o que eu quero.

Porque eu decido o que quero perto de mim.

Mas serão essas decisões as melhores?

Pergunto-me se...

...

Pergunto-me se às vezes não devia deixar que o destino tomasse decisões por mim.

Confio muito no meu instinto, confio muito que nada acontece por acaso, e no entanto, não deixo que essa minha confiança se traduza em ações.

Nunca deixo...

Quererei assim tanto, lá no fundo, que a minha chama arda como o fogo?

Ou que queime como o gelo?