quinta-feira, 16 de maio de 2019

Sem Amor, Eu

"When you were little, you were so carefree...
But these last few years, more and more, it's almost like I can feel you holding your breath. [...]
There are parts [...] that you have to go through alone. [...]
But you get to exhale now..." - retirado de Love, Simon

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É uma treta quando passamos os dias a suster a respiração.

Acordamos a achar que vai ser melhor, ou no mínimo igual a ontem, e na realidade o peso do vazio adensa-se, mais e mais, e a respiração parece que deixa de ter um fundo.

Por mais que se inspire, nunca se fica verdadeiramente preenchido, e parece que estamos a sufocar ligeiramente.

Só que pior, porque essa sensação na realidade não me acontece nos pulmões.

Acontece algures noutro sítio onde não dá para chegar, e que nunca fica verdadeiramente preenchido, e que pesa mais e mais a cada dia que passa.

E eu ando a arrastar isto há tanto e tanto tempo que já não sei o que mais fazer.

Estou sozinho a lidar com isto, e nunca mais consigo expirar, libertar esta merda desta sensação.

Eu juro que tentei, tentei mesmo, expus-me como achei que não iria fazer mais, e ao fazê-lo trouxe à tona todas estas tretas que tinha enterrado há tantos anos...

E agora, por mais que ignore, chega uma altura da semana em que a sensação espicaça um pouco mais, e me relembra que estou nesta casa sozinho, a morar há ano e meio, sem ninguém com quem verdadeiramente partilhar o meu dia e a minha vida, e este silêncio mata-me.

O silêncio de ter a televisão desligada, e só conseguir ouvir o relógio a contar os segundos sem parar, a madeira a estalar, os aparelhos com estática...

E a minha respiração... sozinha... e presa, sustentada a meio... sem ninguém para me ajudar a terminá-la...

Se tu, que estás a ler isto, souberes como me ajudar, por favor diz-me.

...

Vou dormir por hoje.

Pode ser que amanhã seja um dia menos mau.

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